RESUMO
Na Ética a Nicômaco, Aristóteles investiga a justiça como igualdade (ἰςὀτης) e concentra-se no que ele chama de justiça como uma virtude particular, enquanto na Política ele mais uma vez toma a igualdade como ideia fundamental e a relaciona à constituição de uma πὀλις equilibrada. Cidades diferentes terão constituições diferentes, e seus traços específicos dependem de como lidam com a diferença e a igualdade. Na primeira parte deste artigo, argumentarei que a igualdade exigida na Política se traduz em pertencimento. Em sua segunda parte, sustentarei que o pertencimento nas sociedades contemporâneas tornou-se um problema porque as desigualdades cresceram a tal ponto que as pessoas não se sentem mais membros da ordem jurídica ou política. O argumento pressupõe que a legitimidade democrática e republicana depende da ideia de justiça geral, na qual igualdade significa pertencimento e a indiferença ao pertencimento é terreno fértil para a desconfiança e soluções autoritárias.
PALAVRAS-CHAVE:
Justiça; Igualdade; Filiação; Aristóteles; Democracia